Sejam todos muito bem-vindos!





domingo, 28 de novembro de 2010

Neutropenia Febril II

14º dia da quimioterapia
No dia seguinte fiz a prova, não estava bem. O Fernando foi comigo e ficou me esperando. Quando cheguei em casa, fui piorando até aparecer a febre novamente... Fomos novamente ao hospital.
Esses dias não estou com sorte com meus futuros colegas.
O médico foi um grosso... Acho que ele leu que eu não quis ficar internada no dia anterior e já fez uma imagem de mim, sem nem conversar comigo. Extremamente anti-ético. Médico nenhum está lá para julgar ninguém. O paciente tem autonomia para decidir quando e qual tratamento irá se submeter ou não...
Ele não me examinou, não conversou, mal entrou no quarto... Ele disse que iria fazer a internação e pedir o medicamento antes (eu estava com muita dor de estômago). Ele não fez isso. Após quase 3 horas é que me deram remédios, e o único para dor era dipirona. Não sei que escola médica ele aprendeu que dipirona tira dor de estômago, mas foi o que ele fez...
No dia seguinte ele não deixou prescrito o milagroso omeprazol e adivinhem: meu estômago foi piorando cada vez mais... Também por conta do antibiótico de largo espectro (cefepime) tive muita dor de estômago...
Enfim, fiquei internada de quinta-feira à noite até domingo de manhã.
A partir de sexta fiquei sozinha no quarto, o que foi bom, pois é difícil ficar com outras pessoas...
Sexta foi aniversário do Fernando e eu nem pude dar um presente para ele.
No sábado o Daniel, meu filho, foi me visitar. Fiquei muito feliz. Ele almoçou comigo... Eu não conseguia comer muito, pois estava com muita dor... Na janta já estava melhor e pude comer um pouco mais.
No domingo percebi que meu cabelo começo a cair muito.
No momento que o médico passou minha tia e meu pai estavam lá comigo... Ele me deu alta e fiquei muita animada. Foi ótimo voltar para casa e ver meu bebê.

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Neutropenia Febril I

13º dia da quimioterapia.
O mais temido aconteceu. Na quarta-feira cheguei um pouco mais cedo da faculdade e não tive ânimo de ir buscar meu filho. Fui direto para a cama. eu estava me sentindo mal e comecei a ter febre... Muitos calafrios e 38,3ºC de temperatura. Meu marido estava na faculdade e meu cunhado me levou para o PS lá no ACCamargo.
Novamente foi uma demora... Mas ao chegar lá no hospital já não estava mais febril. Como eu tinha prova final do estágio de GO no dia seguinte não quis ficar internada, mesmo com 1060 de leucócitos e menos de 500 de neutrófilos.
Eu não estava preparada para ficar internada. Não apenas por não ter levado minhas roupas, mas eu não sabia quantos dias ficaria, se poderia ficar com acompanhante, perder provas, ficar longe de meu filho...
Enfim, o médico de plantão nem quis saber o que se passava na minha cabeça e simplesmente achou um absurdo eu não aceitar ficar internada...
Pensando melhor depois, realmente era um absurdo eu não ficar, pois existia um risco de sepse. Mas a postura do médico foi de tanta arrogância e frieza que eu não fiquei mesmo!
Como não estava com febre eu achei melhor fazer a prova no dia seguinte e qualquer coisa, se a febre voltasse, eu voltaria ao hospital...
Esse médico deveria ter a preocupação e a sensibilidade de perceber por que eu não queria ficar internada, quais eram meus medos, deveria se preocupar em tirar minhas dúvidas e me convencer a ficar... Mas nada disso foi feito. Fui embora por minha conta e risco mesmo.

domingo, 21 de novembro de 2010

1ª Quimioterapia

Fiz a primeira sessão de quimioterapia sexta-feira dia 12.11.10.
Eu estava com medo, mas não senti nada.
A infusão da droga é feita de modo bem lento. Primeiro os medicamentos anti-eméticos (para evitar as náuseas e vômitos). Depois foi a Epirrubicina (a famosa vermelha), a cisplatina e o fluorouracil. Demorou pouco mais de 2 horas para terminar. Depois almocei e passei com o oncologista clínico.
Na volta, após quase 6 horas, comecei a sentir enjoo e um gosto ruim na boca. Logo comecei a tomar os medicamentos anti-eméticos e não vomitei nenhuma vez.
No segundo dia tive uma dor muscular nas costas, horrível.
Às vezes sinto um pouco de indisposição, um cansaço, mas nunca me deixo abater, logo arrumo alguma coisa para fazer, saio para dirigir um pouco, ou simplesmente tomo um banho bem quente e me deito... Afinal ninguém é de ferro! Mas como eu sinto isso normalmente quando vai chegando a noite, é até difícil saber se realmente é um efeito dos medicamentos ou apenas um cansaço normal pela vida agitada.
De modo geral, graças ao meu bom Deus, eu estou me sentindo muito bem. Espero que continue assim.
As aulas estão chegando ao fim, agora é apenas passar por essas provas finais e terei um tempo de férias...

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Vai começar

Sexta-feira começo a quimioterapia.
Está dando um friozinho na barriga...
Nesse momento vai dando um medo, pois não sei como vou me sentir. Pode ser que eu me sinta bem, que eu continue minhas atividades normalmente (indo às aulas e dando meus plantões), que meu sistema imune não 'sofra' tanto e eu não fique muito imunodeprimida... Mas pode ocorrer exatamente tudo ao contrário... Ou, ainda, pode ocorrer um meio termo.
Como diz meu professor de Cirurgia: "O paciente tem medo do desconhecido".
E é isso que estou sentindo nesse momento.
Que Deus me ajude!
Só não gostaria de ficar vomitanto muito, pois ainda estou com bastante dor por conta da cirurgia da biópsia de ovário. Aliás, quero registrar aqui novamente que não teve nada de tranquilo, como foi dito na Reprodução Humana.
Vou tentar fazer posts mais curtas...

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Criopreservação

Fiz uma biopsia de ovário para tentar preservar minha fertilidade.
Após a quimioterapia pode-se ficar estéril, e pensando nessa possibilidade me submeti a esse procedimento, mesmo não querendo muito.
Me internei no domingo 31 por volta das 17h. O Daniel passou o dia todo grudado em mim, parecia que estava adivinhando... Tomei um banho, jantei e fiquei no MSN esperando o Fernando para conversar. Depois fiquei conversando com a Natis e jogando Campo Minado. Isso me ajudou, pois o tempo passou rapidamente.
O procedimento foi feito dia 01 pela manhã. Recebi anestesia geral. Lembro que da última vez que olhei no relógio era pouco mais de 7:30h. Fui anestesiada por um médico super especialista, professor titular e livre docente da UNIFESP. Me senti muito tranquila e preferi a anestesia geral ao invés da raqui. Já tomei a raqui três vezes e não queria tomar novamente...
O único incômodo da anestesia geral é que quando é injetada na veia se sente muita dor, pensei que minha mão (onde estava o acesso) e meu braço estavam sendo cortados. Mas dá um sono tão gostoso...
Acordei umas 10:30h com muita dor, a auxiliar ligou o tramal na minha veia e logo começaram as naúseas. Por duas vezes quase vomitei, mas a dor abdominal era tão grande que não conseguia vomitar.
Quando cheguei no andar o Fernando estava lá. Nesse meio tempo ele já tinha perguntado mais de mil vezes para as auxiliares do andar, tinha ido ao centro cirúrgico e até na clínica de reprodução humana para tentar ter notícias. É um descaso total, basta dizer que é paciente do SUS (que era o meu caso) que as pessoas se tornam mal educadas e não se esforçam para ajudar em nada. A única coisa que sabem dizer é que precisa esperar... Pobre não tem direito de nada. Acho até que é falta de humanidade.
Enfim, nos falamos por alguns minutos no quarto, mas eu estava sem dor e estava com tanto sono, que não conseguia conversar. Ele foi embora e fiquei dormindo.
Quando chegou o horário de visitas eu continuava dormindo. A Natália, minha mãe, o Fernando e dona Ivaneide foram lá. Ficamos conversando, mas eu estava com muito sono ainda. Meus calcanhares estavam anestesiados de tanto ficar na mesma posição. O Fe massageou e melhorou um pouco.
Depois que eles foram embora veio o jantar, uma sopinha com cara bem industrializada. Depois que retirei a sonda vesical continuei dormindo até o dia seguinte.
Sai do hospital 11:00h e mesmo me queixando de dor no peito que me impedia de respirar direito, fui liberada.
O Daniel estava almoçando quando cheguei. Ele ficava falando que tinha ficado com muita saudades... Lindo! Nunca haviamos ficado mais de 1 dia longe. Essa foi uma parte bem difícil.
Em casa tomei uma sopa de verdade, feita pela minha mãe e passei a tarde com a Nandinha lá em casa. A dor persistia, às vezes melhorava e às vezes piorava. Chegou uma hora que não aguentei mais e fui para o Pronto Socorro. Fiz um monte de exames, tomei vários remédios e me senti melhor.
Dormi bem a noite toda. Bendito tramal (é um analgésico bem potente).
Ao contrário do que a médica da Reprodução Humana (ginecologista) disse não foi nada tranquilo...
Me desculpem os ginecologistas, mas cada vez mais tenho a impressão que eles não sabem nada.
No dia 03 passei em consulta na reprodução humana e o médico, ao contrário do que havia dito antes, disse que não daria para usar os medicamentos para estimular meus ovários para tentar congelar meus óvulos, por causa da massa tumoral. Só havia um medicamento, mas que, no máximo, conseguiria uns 5 óvulos. Muito pouco. Decidi deixar isso para lá. Não vale a pena tanto esforço para quase nada.
Mas creio que Deus está no controle das coisas. E não me arrependi mais de ter feito a biopsia de ovário, já que agora essa será a única chance que terei, caso fique estéril.