Sejam todos muito bem-vindos!





terça-feira, 31 de maio de 2011

Mastectomia - 8º dia (1 semana)

Tive insônia na madrugada e fui conseguir dormir já era mais de 3h. Ainda bem que estavam passando programas legais (segundas de saúde no discovery home and health).

Foi difícil acordar, o Daniel chegou atrasado na escola e chamaram nossa atenção, pois ele sempre se atrasa...

Fomos para o hospital e quando a técnica de enfermagem retirou aquela faixa senti um grande alívio, mas levei um susto: a ferida operatória estava preta. Perguntei se era normal e ela desconversou. A Enfermeira veio e disse que parecia ser necrose.

Fiquei esperando um tempão o Plático aparecer para olhar. Ele atende no hospital de Mogi em que eu faço internato e já nos conhecíamos... Ele é sempre muito atencioso. Mas não gostei do fato de já retirar o dreno, mas ele me disse para eu ficar tranquila... Então o dreno foi sacado.

Meu Deus, que horror. Foi uma dor muuuuuuuuuuuito forte, mas que durou 1 segundo.

Fiquei estudando e pesquisando sobre o uso do tamoxifeno. Falei com a Vivian, que é uma pessoa muito boa que conheci através deste blog. Ela já está tomando por 2 meses, já passou pela quimio e pela cirurgia, então sempre que dá, tiro minhas dúvidas com ela. Obrigada Vivian!

Já a noite recebi a visita das minhas amigas da faculdade: Dani, Érika, Vivian e Marcella. Elas trouxeram um lanchinho para o café da tarde, que se tornou uma janta. Ficamos conversando, rimos muito e isso ajudou o tempo a passar rápido. O risco de necrose não saia da minha cabeça.

Eu conversei com o pai da Dani. Ele disse que estava rezando por mim, que tinha o hábito de ir dia sim dia não no templo para orar e que agora passou a ir diariamente para rezar por mim. A Dani já havia me dito isso, mas ouvir isso dele foi muito bom. Mais uma vez fui surpreendida com tanto carinho.

Logo que elas foram embora o meu cunhado me levou para tomar o clexane. Já era tarde.

"Meu Deus, eu não tenho palavras para expressar o quanto meu coração está angustiado, mas o Senhor sabe todas as coisas e eu só posso dizer que eu não queria passar por isso. Eu gostaria de alcançar um milagre, mas não sei como pedir. Me ajude Senhor."

segunda-feira, 30 de maio de 2011

Mastectomia - 7º dia

Ficamos em casa, pela manhã e fomos buscar o Daniel na escola, assim como eu havia prometido para ele.

Ele fez uma cara de surpresa, como quem não estava acreditando.

O Fernando foi trabalhar e comecei a estudar um pouco.

Hoje foi um dia tranquilo, com a dor mais controlada.

À noite fomos na Cláudia para tomar o clexane. A casinha dela é tão linda! Valeu a pena esperar tanto tempo. Que Deus abençoe seu lar.

domingo, 29 de maio de 2011

Mastectomia - 6º dia

Hoje acordei sem muita dor. Nem tomei analgésicos.

A tia Hilda e o tio Luiz vieram me ver.

Hoje eu estava me sentindo tão bem. Foi a primeira vez que dei banho no Daniel.

Quando a Adriana e o Zeca chegaram e me viram com o Daniel no colo (só segurei com o braço esquerdo) se surpreenderam. Eles ficaram pouco tempo, mas foi muito bom ver a preocupação e o carinho deles por mim.

Logo chegaram a Cris e o Paulinho e o tio Petrúcio (a tia não veio por causa de uma gripe). Eles não trouxeram as meninas, pois acharam que eu estaria pior, acamada... Mas se espantaram e se alegraram em me ver bem.

Fomos à Missa juntos, como eu gosto. Na hora do abraço da paz uma senhora que sempre diz que está rezando por mim e que Nossa Senhora sempre diz que eu alcançarei a cura, veio falar comigo e me deu um livro do Padre Marcelo de presente. Um gesto tão simples e tão nobre. Nem sei seu nome. Mas que Deus a abençoe!

Na minha história tem sido assim, eu tenho recebido muito mais demonstrações de carinho e apoio de 'desconhecido' ou pessoas que conheço a pouco tempo, do que daqueles que eu considerava amigos. Fico insistindo nisso porque é o que está ocorrendo. É uma simples constatação.

Aproveitei que a Claudia estava na mãe dela e já fui até lá para tomar o clexane. Ai que dor.

Quando chegamos o Flávio e a Virgínia, o Fabiano e a Suzana e o meu sogro e minha sogra já estavam comendo a pizza que havíamos combinado. É que hoje foi um outro padre e a Missa demorou mais que o normal.

A Vi me deu uma imagem de Santo Expedito.

Esse foi o terceiro livro que ganhei, acho que é mais que um sinal que eu devo ler. Como fico nessa correria e tenho tanta coisa de medicina para estudar, ainda não consegui ler. Mas vou começar a ler.

Acho que dei uma abusada hoje e à noite tive que tomar um analgésico, pois comecei a sentir dor. Ter dor tem o lado bom, é uma proteção. Principalmente para pessoas teimosas e que não conseguem ficar quietas como eu.

sábado, 28 de maio de 2011

Mastectomia - 5º dia

Novamente senti muita dor por ter ficado deitada. Na hora de levantar ainda preciso da ajuda do Fernando.

Passei o dia até que bem. Meu braço está parando de doer um pouco e estou tentando mexê-lo mais.

O Daniel que não passou muito bem. Nós estávamos no sofá assistindo TV, de repente ele começou a tremer de frio, eu o cobri e ele dormiu. Quando acordou estava com febre e dizendo que estava com dor na garganta. Como eu não consegui ver se estava com algum grau de inflamação, só mediquei para dor e febre.

Hoje era aniversário da Ana Clara, como nós não íamos os padrinhos dele ficaram de levá-lo para a festa.

Ele não comeu nada o dia todo, disse que queria ir na festa e estava super ansioso para ir. A noite vomitou umas 2 vezes. Quando o Clayton e a Nanda passaram para buscá-lo ele estava mais animadinho e foi.

Voltou após 5 minutos, pois assim que chegou na festa começou a vomitar e chorar... Eles imediatamente o trouxeram de volta. O Clayton ficou assustado, pois o Daniel dormiu no caminho de volta, que é bem perto... Mas é assim mesmo, logo logo, quando o Duduzinho chegar, eles se acostumam...

A noite a Claudinha passou aqui para aplicar o clexane. Já era bem tarde pois ela ficou com a mãe no hospital até tarde. Como dói essa injeção!

A Viviane veio junto com ela e já aproveitou para me ver.

Essa noite dormi na cama novamente.

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Mastectomia - 4º dia

Logo cedo fomos no A.C.Camargo para fazer o curativo.

Lá fui recebida por uma Enfermeira, super atenciosa. Senti muita dor na hora de retirar os curativos, ela passou vaselina e aliviou um pouco. Era uma sensação muito estranha, pois eu sentia muita dor, mas não sei dizer onde, pois minha pele estava totalmente anestesiada... O músculo também perdeu sua inervação, então não sei o que dói.

O médico que me deu alta veio ver e disse que estava ótimo. Que o edema era normal e me deu um esquema de analgésicos a cada 3 horas. Havia uma parte que estava escura, até perguntei a ele se haviam deixado uma parte da aréola, mas ele disse que não...

Como foi feito um curativo compressivo, tipo enfaixamento, a volta para casa foi mais tranquila, doeu um pouco menos.

Almoçamos na minha sogra e logo a Natitas chegou.

Ela ficou comigo o resto da tarde. Minha mãe também ficou comigo um tempo, foi até o mercado para comprar algo para comermos, pois não havia nada de bom em casa. Minha irmã foi lá também, como ela se cansa fácil, logo quis voltar para casa e minha mãe voltou com ela.

A dona Ivaneide também foi me ver. Ficamos conversando e quando o Fernando chegou ele as levou embora. A Natitas me contou que a dona Ivaneide havia estava no hospital no dia da minha cirurgia, ela foi para lá depois do trabalho, assim como fez na minha biópsia de ovário, mas nem chegou a me ver. Graças a Deus tenho também o amor e o carinho dessas amigas em Cristo.

Como tenho que tomar o clexane por mais 8 dias, a Claudinha passou aqui para aplicar na minha barriga.

Eu fiquei deitada no sofá como Daniel e o Fe estudando no quarto. E acabamos dormindo assim...

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Mastectomia - 3º dia

Na madrugada tive um pouco de insônia. Mais uma vez tive a graça de ter uma auxiliar cuidando de mim que era muito boa. Ela entrava no quarto com tanta serenidade que eu não acordava assustada...

Só consegui dormir depois da segunda dose do Tramal. Como o médico deixou uma dose de 50mg, era insuficiente para retirar a dor completamente.

Na quinta-feira já acordei logo cedo. A dor era grande. O médico passou cedo desta vez, me deu alta e todas as orientações. Retorno em 12 dias com o Mastologista, retorno para curativo no dia seguinte, antibiótico por 7 dias, antiinflamatório por 2 dias e claxane por 10 dias.

Fiquei sentada um pouco, esperando para ir embora. Depois de tudo certo fomos para casa.

O caminho parecia mais longo, não chegava nunca... Doía demais e piorava cada vez que o carro passava em uma pedra... Como nossa cidade quase não tem ruas esburacadas, dá para imaginar como foi.

A primeira coisa que fiz ao chegar em casa foi tomar um banho. Como é bom estar em casa!

Minha mãe fez uma sopinha deliciosa para eu almoçar. Fiquei no sofá esperando o Daniel acordar, pois ele estava na casa da minha mãe. Quando ele chegou foi tão bom receber seu abraço. Pena que eu não conseguia pegá-lo no colo... Tive a impressão que ele havia crescido e me admirei por ver como ele está bonito...

A Dani e a Érika conseguiram o clexane para mim lá no Cachoeirinha e levaram até em casa. Elas deram um relógio do Ben10 e um chocolate do Thomas para o Daniel, ele amou! Ficaram lá um pouquinho, tomamos um café da tarde, mas elas tiveram que voltar logo, pois era rodízio do carro. Mais uma vez obrigada amigas!

A tarde recebi a visita dos 'padrinhos mágicos'.

Como meu filho Daniel tem o costume de ir para minha cama no meio da noite, fizemos o mesmo esquema da cirurgia para biópsia de ovário: eu dormi sozinha com a porta trancada e o Fe dormiu na sala para o caso dele acordar.

Hoje a dor ainda estava bem forte, amanhã tenho que ir fazer o curativo e vamos ver se isso é normal mesmo.

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Mastectomia - 2º dia

Haja visto que um dos objetivos deste blog é ser um diário, vou descrever (ou tentar) diariamente.

A noite eu dormi bastante por conta do efeito da anestesia. Mas comecei a acordar de tempos em tempos desde logo cedo... Não sei se vocês concordam, mas hospital é o pior lugar para se dormir... Cada três minutos e meio entra alguém, por algum motivo no quarto e sempre nos acorda...

A dor era insuportável. Chegou uma hora que comecei a chorar... Até falar doía, pois não dava para respirar direito. Minhas amigas da faculdade ficaram de ir me visitar, mas eu pedi para o Fernando ligar e avisar que não daria para recebê-las naquele dia... (Desculpinha meninas!)

Graças a Deus, quem estava cuidando de mim no dia era um auxiliar extremamente humano e compreensível. Assim que o médico passou para me visitar, logo ele tratou de preparar o Tramal e foi muito sensato em pedir para uma moça retirar minha sonda vesical. Esse tipo de profissional, infelizmente, é raro... Vou mandar um elogio para o site do hospital.

Esse dia se dividiu em dois: antes do banho e depois do banho.

Assim que a sonda foi retirada, já me levantei. A auxiliar e o Fernando me ajudaram. Senti muita dor no peito, era muito difícil até respirar. Eu fui tomar um banho, ou pelo menos um meio banho... O Fe me ajudou. O chuveiro é que não ajudou muito, pois ficava intercalando entre água muito quente e muito fria... Quando sai do banho eu era outra pessoal. Isso já era quase 17h.

Minhas amigas da faculdade (Dani e Érika) foram me visitar (como elas são meu super trio, disse que elas poderia ir). Senti muita vergonha, pois eu estava acabada... Foi a primeira vez que alguém me via sem o lenço, que eu resolvi abandonar, não conseguia ajeitar direito e não dava para ficar me preocupando com isso naquele momento de tanta dor.

Infelizmente perdi o acesso venoso e tive que ser puncionada novamente. Cada vez que tem que puncionar é uma angústia, pois agora me restou apenas a mão esquerda, que já era a piorzinha...

O Fe aproveitou para ir para casa tomar um banho e elas ficaram comigo. Foi muito especial, elas me ajudaram muito, me levaram uma Nossa Senhora Aparecida tipo boneca de pano, ficaram lá conversando por horas... Até comidinha na boca elas me deram... Foi muito engraçado, a Dani me deu a panqueca com arroz e algum legume que não conseguimos saber o que era (!) e a Érika ficou me dando a sopinha, ficavam intercalando... Obrigada amigas!

O médico foi lá novamente e eu disse que não teria condições de ir para casa, por conta da dor que ainda era muito forte. Ele deixou as coisas comigo e disse que voltaria no dia seguinte.

Quando o Fernando voltou eu já estava outra. O bom papo com minhas amigas, seu entusiasmo e alegria me contagiaram e eu fiquei muito bem.

"Um amigo fiel é uma poderosa proteção: quem o achou, descobriu um tesouro. Nada é comparável a um amigo fiel, o ouro e a prata não merecem ser postos em paralelo com a sinceridade de sua fé. Um amigo fiel é um remédio de vida e imortalidade; quem teme ao Senhor, achará esse amigo." Eclo 6,14ss

Depois refleti muito sobre a atitude das minhas amigas. Tem tantas outras pessoas que conheço há mais tempo, mas que não tiveram "tempo" para fazer o que elas fizeram... Eu não sei se eu é que estou muito sensível, mas sinto que muitos que eu considerava amigos, não estiveram em nenhum momento comigo... Mas essa é uma reflexão que quero escrever num post à parte.

Terminei o dia com menos dor, mas ainda muito intensas. Eu sinceramente não imaginava um pós-operatório tão dolorido. Vamos ver amanhã.

terça-feira, 24 de maio de 2011

Mastectomia - 1º dia

Olá para todos!

Minha cirurgia foi na terça-feira, dia 24.05.11.

Fiquei internada já na segunda-feira para marcar com uma substância radioativa um cisto na mama esquerda. O procedimento foi tranquilo. Mas se eu não soubesse um pouco sobre exames diagnósticos teria feito o exame errado... A biomédica estava fazendo o exame de linfonodo sentinela ao invés da simples marcação...

Ficamos muito felizes em saber que poderia ficar um acompanhante. Na primeira noite eu dormi sozinha, pois como estava bem não havia motivo para fazer o Fernando dormir mal... Ele precisa estar preparado para as noites seguintes.

Na terça-feira logo cedo uma auxiliar veio pegar um acesso venoso e já administrou o omeprazol. Já fiquei tranquila, pois na internação por causa da neutropenia febril eu tive muita dor no estômago por causa dos medicamentos... Só não gostei da falta de organização do andar, pois me falaram que a cirurgia seria na parte da manhã, mas não tinha como, pois o Plástico só opera a tarde... A enfermeira do andar ficou de confirmar a informação e me retornar, pois dependendo do horário que fosse o Fernando deveria ir mais cedo ou mais tarde para o hospital. Obviamente que ela jamais retornou com a informação...

Subi por volta do meio dia. Eu tinha decidido que não iria tomar o Dormonid, queria estar acordada quando chegasse ao centro cirúrgico. Mas na hora acabei tomando, pois achei que seria melhor dormir um pouco. Fiquei na sala pré anestésica e realmente acabei dormindo... Acordei com duas crianças que chegaram chorando. Conversei com o Plástico, que me disse que colocaria a prótese definitiva e não o expansor, ele ficou um tempo lá conversando comigo, só não tenho certeza se foi depois de ter acordado mesmo.

Assim que cheguei na sala, estava o Anestesista e o Residente. Ouvi ele dizendo que poderia começar a anestesia. Todos ficavam me perguntando por que eu não estava dormindo, se eu não havia tomado o Dormonid... Mas como já era mais de 15:00h, eu disse que já havia dormido e acordado...

O Anestesista começou a conversar comigo, perguntou se eu estava no 6º ano e eu disse que era do 5º ano ainda. O Residente disse que o Mastologista já estava vindo, pois ainda estava terminando um procedimento... Começou a indução, com a máscara de oxigênio e aquela forte dor do anestésico entrando na veia, que felizmente só durou uns 3 segundos e depois não vi mais nada...

Acordei já era 23:30h. Com uma dor terrível, a auxiliar injetou morfina e eu vomitei... Exatamente como ocorreu na biópsia de ovário... Acordei com a máscara de oxigênio e consegui tirar. Meu braço direito não conseguia mexer por conta da dor, tentei palpar meu peito com a mão esquerda para ver o que havia sido feito de fato. Tentei alcançar além para ver se havia alguns curativo nas costas, mas não conseguia, pois era aparelho de medir a pressão, eletrodos, sensores... Pensei que o Fernando deveria estar muito preocupado, pois já era tão tarde.

Depois de um tempo fui levada para o quarto. Pedi para o maqueiro procurar meu lenço e colocá-lo. Lembro também de pedir para ele ver se eu tinha um curativo nas costas, mas não lembro do que ele me disse.

Vi o Fernando no quarto. Passei para a cama com muita dor, e depois dormi. Santa anestesia geral...

Vou ter que terminar depois, porque escrever está me dando muito enjôo...


segunda-feira, 23 de maio de 2011

Internação

Agora estou aqui no A. C. Camargo.
Já estou internada.
Após um longo dia. Meu cunhado ficou comigo a maior parte do tempo, até meu marido chegar.
Está tudo tranqüilo, o Mastologista já passou e agora e só aguentar o jejum e esperar...
Que Deus continue a conduzir tudo, como tem feito até agora.

sábado, 21 de maio de 2011

Expectativa

Olá minhas queridas (e queridos!), muita coisa aconteceu nesses últimos dias...

Na semana que eu imaginei e programei para ir à academia todos os dias, fiquei muito gripada... Uma gripe que não me largou por duas semanas...

Não sei se já contei aqui, mas roubaram meu carro no mês passado. Um carro novinho, que pegamos em outubro e eu, particularmente, estava dirigindo desde o início de janeiro... Bem, por conta disso fui para Mogi de trem duas vezes na mesma semana e tive a infelicidade de pegar um daqueles trens 'novos' que tem um ar condicionado a menos dois graus, e que muito provavelmente nunca foi limpo... Não foi a primeira vez que isso aconteceu comigo, mas piorou minha gripe e acabou com minha garganta...

Semana passada repeti todos aqueles exames que fiz no começo do diagnóstico. Passei a segunda e a sexta-feira no A. C. Camargo. Pela primeira vez na vida não tive a menor curiosidade em ver os resultados. Na sexta-feira quando voltei lá, provavelmente havia algum exame pronto, mas nem me importei. Os exames ficariam prontos na quarta-feira eu tinha consulta com o Mastologista na quinta-feira. Em situações anteriores eu seria capaz de ir até lá para pegar esses resultados ou ficar enchendo meu marido para que o fizesse. Dessa vez não. Quando já temos câncer não há muita coisa pior para ocorrer...

Na quinta-feira passamos com o Mastologista. Eu estava muito apreensiva, tinha (e tenho) muitas dúvidas na cabeça, sobre a cirurgia, sobre o pós-operatório, e principalmente sobre as sequelas. Mas ele me passa uma segurança e trata tudo com um ar de que tudo dará certo, que por alguns instantes eu me despreocupo.

Fico pensando a cada coisa que tenho feito esses dias, que poderá ser a última vez que faço aquilo. Ou que pelo menos será a última vez que faço assim como estou hoje, com meu braço direito normal. Até escovar os dentes pode ser um problema, pois não tenho habilidade em fazer isso com o braço esquerdo, tenho treinado.

Na sexta-feira passei com a Anestesista, que disse que estava tudo bem. Fiquei feliz apenas com uma coisa: o atendimento dela foi muito parecido com o meu... Então eu não estou tão mal assim como médica...

Aproveitei a estada no Hospital e já fiz o 6º ciclo de Herceptin. A Natitas foi comigo. Tadinha, acho que ela não imaginava que seria tão chato e tão desgastante ficar só olhando... Antecipei para participar de um curso de Radiologia em Câncer de Mama no Hospital São Luiz, que foi hoje sábado, no horário que deveria ser o Herceptin.

Foi muito engraçado a reação daquele bando de médicos Radiologista, Ginecologistas, Mastologistas e sei lá quais mais especialista, ver uma paciente participando de um curso exatamente de câncer de mama... Ou pode ser que eles acharam que eu era libanesa... Pena não ter falado com o meu ex-chefe que foi quem me recomendou esse curso, ele saiu mais cedo e nem pude trocar umas palavrinhas com ele.

Falando nisso, esses dias uma funcionária do Hospital Cachoeirinha, onde faço internato atualmente, me perguntou se eu era libanesa. Eu disse que tinha câncer. Uma outra disse para eu não falar isso, eu deveria falar que eu tive câncer e que estava curada... Entendo a boa intenção na sua fala, mas vi também que havia tanta ingenuidade. Se as coisas fossem tão simples assim... Se bastasse apenas mudar o verbo das frases ou nosso pensamento... Para que passar por quimioterapia que quase nos mata, para que passar por uma cirurgia mutilante, uma radioterapia que nem sei como será, ter que tomar um remédio por 5 anos e esperar mais 2 anos para poder pensar em engravidar, e ainda ter um filho sem poder amamentar... Será que ao invés disso tudo poderíamos simplesmente ter um pensamento e dizer estou curada?  

Desculpem, mas hoje (e esses dias) não está sendo um dia bom. Acho que se eu tivesse operado de cara, logo que tive o diagnóstico não teria muito tempo para pensar na cirurgia e talvez não sofreria tanto... Eu estou pesquisando sobre isso há pelo menos 6 meses, vendo técnicas de reconstrução, ouvindo falar de linfedema, convivendo com grávidas e lactantes... É muito difícil.

Ao mesmo tempo que penso assim, penso que Deus está a frente de tudo e que se as coisas foram assim, nessa ordem, tem um motivo. Mas eu sou apenas um ser humano. Tenho o direito de me queixar e ficar triste.

Espero estar mais animada para o grande dia, que será dia 24.05.11, na próxima terça-feira.

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Hidroginástica


Finalmente fiz a aula de hidroginástica que tanto esperava! Na época da quimioterapia meu Oncologista não achou seguro eu fazer e só me liberou para atividades fora da água.

Na verdade, me associei a uma academia desde o ano passado... No início, após ter recebido o diagnóstico, li o livro "Anticancer" indicado pela Amanda (diariocancerdemama.blogspot.com), e estava decidida a ter uma vida mais 'saudável'.

Exercícios é algo que sempre gostei de fazer, sempre tentava praticar com certa frequência, mas em cada época da minha vida há sempre algo para atrapalhar... Quando eu tinha disponibilidade de tempo, faltava a grana (afinal só sobrava tempo por não trabalhar e nem estudar). Depois as coisas melhoraram um pouco, tinha a grana, mas como saía de casa às 05:30h e voltava às 22:00h, não dava tempo. Depois de entrar na faculdade de Medicina, piorou, pois faltava a grana e o tempo!

Durante a aula tive alguns "flash backs"... Do tempo que eu fazia na ACM Centro, com meus 17 aninhos... Após uma lesão no joelho fui 'obrigada' a fazer hidro para me recuperar... Meu primo Edson (que também lutou contra um câncer cólon-retal, mas que infelizmente foi vencido aos 42 anos) que me ajudou comprar o título de lá. Saia do KK (Carlos de Campos), onde eu fazia técnico em Nutrição e ia para lá. Que loucura: andar em plena Praça da República por volta das 9 ou 10 horas da noite!

Com 20 anos e já namorando com meu amor, frequentava a ACM Guarulhos. Dessa vez eu que dei o título da ACM de presente para ele. Na época eu fazia faculdade de Nutrição e ele de Fisioterapia em Guarulhos. Como ele reclamava muito de dores na coluna eu resolvi presenteá-lo... Fomos pouquíssimas vezes... Era uma piscina aquecida, coberta, mas com as laterais abertas, dava para tomar banho de sol.

Recentemente, frequentamos por algumas semanas a ADPM. No início ficamos empolgados, principalmente porque entramos com alguns de nossos melhores amigos e tinha aula de natação para bebês. Meu filho Daniel adorava. Mas novamente fomos vencidos pelos compromissos e falta de tempo...

Acho que me lembrei de tudo isso porque percebi que não tenho mais o mesmo corpo de antes... Acho que ainda deve ser efeito da quimioterapia... Eu comecei a aula achando que não iria ficar cansada e pensando: "Por que será que os professores de hidro não pegam mais pesado?" Porque eu sempre sentia que a aula poderia durar mais, pois eu não me sentia cansada... Dessa vez eu nem consegui fazer todos os exercícios...

Vou tentar ir com mais frequência. Quem sabe ao longo do tempo eu me sinta melhor! Pode ser também a idade que está chegando... Sei lá!